domingo, 25 de abril de 2010

Crônicas do rei

Nas terras de Siapir

                   Um sábio e velho leão que mora no topo da montanha de safira. Diante do leão vive a rara rosa olho de floriat, a única variedade de rosas com pétalas verdes e pétalas vermelhas. Um babuíno com mania de grandeza traz alimento para o leão todos os dias apenas para poder ver a rosa. Um sapo branco com tendências de jardineiro vem regar a rosa todos os dias e um beija-flor mensageiro do leão que se alimenta unicamente do néctar da rosa. Um velho elefante branco a beira da morte.”

              Sou um Velho leão ao acaso da sorte sei de tudo no mundo, até da existência da morte. Tenho um tesouro de valor inestimável, a rosa que colhi em meu olho da lagrima de um fato, passado. Me tornei sábio na velhice, depois de perder tudo que mais amava e pensar que nada mais existia pra mim, senão a morte. por vaidade criei uma rosa assim, com perfume do orgulho tirado de mim. Foi então que eu conheci esse tal beija flor, muito viajado, conhecia todo canto do mundo e tinha muitas historias pra contar. Quando eu o vi ele estava em uma flor próxima da minha rosa, dizia ele que aquela flor era muito gostosa, então eu o fiz, esmaguei a flor com minha pata pesada e lhe disse que da minha rosa provasse. Então ele provou um orgulho de reis que da rosa emanava. E desde então só dela ele se alimentava, mas cada vez que chegava, uma historia eu pedia, pois de outra maneira eu não o deixaria sorver minha rosa. E então mais e mais historias eu ouvia e mais coisas eu sabia.  Mais meu corpo ruía da fome vazia e eu não sabia mais o que fazer, minhas patas calaram e nada faziam. Foi então que eu me lembrei de uma historia que ouvi do tal beija-flor, que falava de um babuíno que se achava um rei. Então pedi ao beija-flor que o trouxesse pra mim. E por vaidade eu disse para o beija-flor que falasse ao tal rei que uma rosa eu tinha, e que era única no mundo e que jamais outro rei a teria, de modo então que eterno rei eu seria e ele não passaria de um velho babuíno. Então ele veio, em pose de rei, um linguajar bem falso evidenciando a trama. Tal animal, sujeito de pouco caráter, veio a mim e eu sabia por que, ele queria roubar-me a rosa e se fazer um rei. Mas sabia que se tentasse assim, em plena luz do dia, eu mesmo o comeria e nada mais ele seria. Então ele vinha, como um bom amigo, trazia-me alimento e por dentro eu ria, e ria. Pois sabia que o meu mal ele queria, mas nunca, não sei por que, ele ousou me trazer algo de veneno. Talvez ele soubesse que eu saberia e então mataria seu sonho de rei. Mas meu corpo cansava, e eu não dormia, pois pensava que ele a noite viria, pois se roubasse minha rosa eu morreria. E fui envelhecendo mais e ficando cansado de ficar acordado. Então eu me lembrei dos meus tempos de rei e de como eu mentia e falei pra o beija-flor que se eu morresse a rosa morreria. Então o sábio beija-flor que muito sabia resolveu meu problema, com extrema maestria. Trouxe a mim um velho amigo, um sapo branco com manias de canto, metido a jardineiro, bem esperto e ligeiro. Ligeiro eu disse, pois ligeiro eu sei, de uma vez eu tentei devorar o amigo, deu um pulo pra traz e me fez de ridículo, e nunca mais eu tentei jantar o amigo. E toda noite ele vinha, e água trazia em seu enorme papo, e a rosa ele regava e dela cuidava, mas meu problema de sono ele resolveu, entoava um canto, de extrema magia e logo eu dormia nessa fantasia. Mas eu tinha medo que o babuíno matasse o sapo e a rosa roubasse, mas a canção era mágica e eu não agüentava acordado, e quando mais ouvi mais jovem ficava. E o sapo me disse que se o babuíno chegasse, eu ouviria um grito para que acordasse. Foi assim um dia , que tudo aconteceu, o babuíno cansado do desatino de me alimentar viu que eu não mais envelhecia e que desse modo não morreria pra rosa ele herdar, foi a noite que veio ele experimentar, devorou um sapo raro, um sapo branco, que ninguém nunca antes ouvira falar. Pobres dos sonhos do babuíno se fizeram pó, com um nó nas tripas e sangue queimando, o sapo era venenoso e dentro do falso rei foi se desmanchando, foi ai que ouvi um grito bem alto, era o babuíno em seu resto de vida gritando pra mim pra que salvasse-lhe a vida com minha sabedoria, não sabia ele que do pouco que eu sabia foi um pássaro pequeno que contado me havia. E morreu o babuíno. Outro dia me veio aquele beija-flor, do amigo ele queria saber. Mas eu não queria dizer. Foi então que ele viu o corpo do babuíno e logo ele entendeu o que aconteceu. Foi então que ele deu um giro no ar e caiu bem próximo e começou a gritar, ele se contorcia e gritava e gritava depois ele ria, pois de tudo sabia o que ia acontecer. E veio num estrondo, onde ele gargalhava torcido no chão. Brummm brummmm brummm e a terra tremiam. Foi antão que ele disse que um velório ele faria sepultaria um amigo, em cima de um inimigo e que da rosa faria seu próprio tumulo. E fez. Do estrondo veio um grande elefante era o maior e mais velho rei que já se ouvira falar, foi então que eu para o rei me curvei, e ele caiu sobre mim. Olhou para o beija-flor e disse que belo túmulo me fizeste meu nobre amigo, um couro de leão velho e macio, e que bela rosa enfeita nossa morte abrigada amigo agora posso morrer e enfim descansar. E o beija flor morreu ao lado do elefante branco e eu pude ver minha rosa evanescer antes de eu morrer, pois ela não pertencia mais a mim e sim ao beija flor que dela se alimentava e do sapo que a cultivava. Agora acabou, simples assim, eu morro antes rei, antes louco, agora: morto.



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